Arte popular e artesanato
Janete Costa também pesquisou, produziu e divulgou a arte popular e o artesanato no decorrer de sua trajetória profissional. A arquiteta faz questão de distinguir a arte popular e o artesanato. Para ela a arte popular é feita pelo artista, que assina sua peça, geralmente peças únicas. “O artista popular é a fonte, o centro, o criador. É o valor mais puro, mais autóctone: o modelo”. O artesanato é feito em grupo, são produzidas peças repetidas e não assinadas. “O artesão é o reprodutor, é o talento manual, a necessidade de sobrevivência”.
A relação de Janete Costa com o artesanato vem da infância em Garanhuns, agreste pernambucano, pois seus brinquedos foram todos artesanais, e a água da sua casa era guardada em potes de barro. Desta forma justifica-se a grande intimidade da arquiteta com esses objetos, os quais sempre estiveram presentes nas suas ambientações.
Ao inserir os objetos artesanais em seus projetos, Janete Costa se deu conta da necessidade de sugerir alguns ajustes nas peças, a fim de conseguir uma maior harmonização nos seus ambientes em termos de escala e proporção. Dessa forma, criou um projeto chamado Interferências, no qual um grupo de arquitetos e designer interfere no trabalho artesanal com o propósito de orientar os artesãos, sugerindo alterações, transformando o desenho de produtos, preservando, contudo, os valores culturais dos objetos artesanais. “Interferir sem ferir”, dizia Janete sobre o trabalho desenvolvido.
A arte popular sempre esteve presente nas ambientações propostas por Janete Costa, dentre os principais nomes destacam-se:
Nhô Caboclo – Manuel Fontoura foi escultor e entalhador. Nasceu em Águas Belas- PE, passou a infância e a adolescência em Garanhuns- PE e, adulto, mudou-se para o Recife onde ficou conhecido como “o bonequeiro de Casa Amarela”.No princípio, trabalhou com barro, passando para a talha e, por fim, dedicou-se a fazer miniaturas de roda-d’água, cata-vento, casa-de-farinha e outras peças, utilizando-se de pedaços de madeira, latas , pregos, cordão e toda sorte de materiais recicláveis.
Nicola – Escultor pernambucano nascido no município de Quipapá, Nicola talha em madeira, pedra calcaria, granito, pedra sabão, concreto e marfim. Suas figuras são predominantemente de anjos e os santos. Suas peças foram bastante utilizadas nas ambientações de Janete Costa por todo Brasil.
Mestre Nuca – Manoel Borges da Silva, nascido em Nazaré da Mata, estabeleceu-se em Tracunhaém – PE, onde ficou bastante conhecido por suas esculturas em cerâmica de leões com a juba encaracolada. Janete Costa indicou suas peças para os jardins do “Sítio Burle Marx”, no Rio de Janeiro.
Mestre Fida– Assim como Janete Costa, Mestre Fida nasceu em Garanhuns, Agreste pernambucano. Faz esculturas em madeira, cuja peça de maior destaque é o homem-cata-vento, uma escultura articulada com braços grandes e mão em forma de pás que se movem com o vento. O artista esculpe também ex-votos e peças utilitárias, além de cestaria de cipó.
Mestre Galdino– O artesão-ceramista Manoel Galdino de Freitas, nasceu em São Caetano- PE, mas passou a viver em Caruaru partir dos anos 1940. O grande destaque do seu trabalho são as figuras fantásticas, simbioses de humano e animal. Para cada boneco produzido, Mestre Galdino escrevia histórias, tendo chegado a escrever mais de mil delas. Muitas de suas peças em cerâmica fazem parte da coleção particular de Janete Costa.